domingo, 26 de janeiro de 2014

Sono

Os olhos conversam
com as pálpebras
como a maciez morosa
do reflexo da lua

Entre nuvens
há o começo da noite

Tons
se refazem
de saída
Convencem
a noite
Persuadem nos
do colorido
que se faz
no resto
nas margens
das pupilas...

O negro então é dilatado
pelo calor

Olhos
Eternos restantes
das tarde de sol

(notava-se o que era do colorido
Respirava no peito tão escuro)

O sangue esquenta e arrefece. 
As imagens do sono
não são as da noite
Diferentes abalos ressoam
no balanço do ninar
Ofuscam-se as diferenças
O ninar e o abalo
O abalo que molda o afago.

Todos já se foram
Põem-se a dormir
em diferentes
honorários
Horas que contam
no relógio do sol que já se foi
Os que gostam
do calor da tarde
Do que gostam?
Daqueles que gostam
do obscuro tempo da noite
Da úmidez da madruga
Da claridade do dia que manda agir

Fazem-se perguntas
mas não se ousa respondê-las
Assim como palavras
que não se ousa criar

O que escurece
dorme por ninguém
Leva algo
ao transportar
os calores
da tarde.

Abraçar sem querer a luz
De janelas fechadas.
Já amanhã será
Este sempre se põe
Já sem estrelas
o depois
só se faz
como a claridade
prateada
do que acaba
na presença do sol.

Quem cumprimenta o dia tão forte?
Como que já não se poder esperar

Correr...

Os dias que começam tão iguais
como tantos
os outros
oferendas ao inesperado
É como quando
se pisa num prego
esperando a chance do tétano
antes de se vacinar

Fecham-se as luzes do dormitório
o escuro faz a síntese
Desvanecer e esperar o que dorme
Vir
fazer-se
a crer
O branco dos lençóis
Não se equivale a presença
redonda da lua
Nem ao amarelo quente
ao calor do sol




A má poesia

Um
Dois
três....
Uma sensação de
Morte seca
Vilipendiada por
Uma ânsia de
                                                   Vômito

No fundo
                ao peito             
é seguida de solidão

Ao fato de que me
atormento
                     Há de
                 a ver com alguma
                                           intrusão
E, por não haver ato
No tráfego  
De alguma inconclusão
Busco ouvir o
Discurso entre as palavras
E no espírito
Confrangem ecos
sem voz
São causas
Perdidas nas coisas
Retidas
Em algumas palavras

Nem ao menos
                             fome
Sobra-me sentir
Toda a voracidade me é
Entupida de palavras
Olhos arregrados
Apregoados de imagens
espúrias.

Tudo se escancara
Para o nada
As maças ocas
Convencem os
Vermes a ficar.

Hoje é dia de se
Fazer inverso
Produzir
como a terra,
com lágrimas
fertilizar uma cantiga triste.

As mãos amputadas
Em gesto santo
Clamam ao solo
As torrentes das paixões
do meu pesar
do meu estar
do meu ficar
como pernas
 de gravetos
a tanto tempo
ressecados pelo
sol