sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Capítulo sujo

Abre-se o corpo em dois, lateja-se uma agonia desmedida. O que importa minhas mãos, numa vertigem onde só se pega traças. Os movimentos quebram-se onde devem apoiar; um tanto moribundo o sofrimento necrosado. Dói? Figura sobre-humana. Alguns pedaços, dois pedaços. O ritual onde arranca-se a pele pode possuir um tanto de humor. Pensando. Amassando como farinha e ovos minha carne. Temperadas são sempre as mesmas palavras.  A sensação, morte que se repete nas batidas do relógio, ponteiros no corpo, batida no relógio. No forno está bem. Um roteiro. Doem-se pequenas partes diferentes que convergem e desabrocham. Inscrevo a minha dor. Transpassada não a enxergo. Ela rosto, ela voz. Castanhas? Azul, entre os dois... Cachos dissolvidos...  Não passa, não há palavras para o seu clamor. Madrugada tirana das sensações que não são devolvidas. Arrendo meu coração no comércio. Vendi barato pensando no amor, na maçã, no trago, dois por um real, fumaça. A barganha, comprei de novo e não sabia. Transpirando deveres indevidos de uma noite quente. Só vi o que aparece, se vai pelo que parece e esvaí. Há algo preso no interior de meu corpo. Um cadáver, deixar cair? Quase caí. Como a um velho sem forças em que o corpo tem suas próprias necessidades desmedidas. Morro.  A morte quando acordo, se prolonga, alguns pedaços como a peste apodrecendo. Marca um rosto, sem marca. Acostume-se com uma identidade babá. Criada, tira o prato, troca a fralda. Frente algumas desilusões tão velhas quanto tudo quando escurece e sempre muda. A morte é só, e minha, não será assim como o que é teu. Afogo-me em placenta, ela renasce, invocações.