sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sobe o sol


Queria escrever sobre o sol
Mas ele me queima
Queria escrever sobre
A claridade da manhã
Mas ela me poda
E é cheia de poluição
Queria escrever em letra minúscula
No início da poesia
Mas o computador me arruma
Me apruma
E me ajusta
No erro
Que eu não queria
Iniciar
E se todas as letras
Ficam grandes
Antes de eu começar
A digitar?
Como eu posso revoltar
E voltar
Acertar a letra minúscula
Lá onde o automático
Instala
Reifica
Identifica
O início
Com riscos vermelhos
debaixo das palavras
riscos verdes
quando não clico
na tecla acertada

Acertada por quem?

De repente
Acidentalmente
O início maiúsculo
Parte das minhas mãos
Não é mais preciso do
Computà dor
Para forçar
A anomica introdução

No ritmo automático
Das digitações alheias
De meus dedos
Que tomam meu seio
E me fazem gritar!
Ah! Deixa para lá...




quarta-feira, 24 de abril de 2013

Fragilidade viscerada

Uma casca que
abre
imagem refletiva
de si mesma
Oh, o que demonstra-me
espelho côncavo
Além de tanta
Dor?
Um grunhido
          Um tremer de mãos
Uma fragilidade viscerada
Um cantar que não
Tem sons

Percebo a estrutura
a carcaça da época
retorno ao queimar
das faces
Aos significados que
     caíram como pedras
tombados do ar em
meu rosto, meu
corpo
tão do outro que
não era meu

Era um vazo ao
redor do nada
entalado de flores
       perfumadas
de colônias francesas

Eu incolor
na vergonha de
teus atos
exposta em
 tua chama
    paupérrima
    queria deslocar
  aqueles pés trêmulos
   apoiados nas paredes
frente ás suas representações
fantásticas
fanáticas
destroçadas de mim 

Morte aos 7 anos


Minha morte aos 7 anos
foi de faca noturna
na cozinha entre as
pias
na possibilidade estreita
de sair até lá
chegar até lá
estações do ar

Havia um balde onde
colocava todas as
louças do almoço
         flutuar
Eu
como
os talheres
queria poder
nadar

Na clausura entre
7 ilusões e
algumas razões
      festejadas
castrações
eu pensava
em
me salvar
resguardar

Esta foi à morte na
cozinha
suicídio
estagnado
em um quarto
de imaginações
impregnado

Assim, eu sonhava
com gárgulas
Paredes fantasmáticas
ao me devorar
enquanto presa
e no mar do chão
do meu quarto
eu tentava naufragar

Eu enquanto criança
procurava nadar
buscando plenamente
me afogar
para o distúrbio
inconfessável
do lugar
me abster
me salvar

gotas que escapam das mãos


O calor desprende
no corpo
gotas que escapam
das mãos
em um gesto
religioso
se configura um
enigma
As páginas
molhadas
pelo que
transpiras
de tuas mãos
As impossibilidades
De escrever
o suor que
rasga as folhas
       de
papéis reciclados
do singelo
  caderninho
  de Anotações
Tá vendo aquele
Menino ali?
(é difícil
virar a
página)
Ele subiu
a categoria
de humano
Agora o
         chamam
         artista
Agora o
        elegem
        poeta
E sentado
na praia
o tempo se
repete
se repeli
nunca será o mesmo
mesmo, como o déficit
mesmo como déficit

Esguelha


O céu
de fumaça
dissipa as
    estrelas
decapita-as
sem beira
na ladeira
dá bandeira
de ser
de esguelha
disfarça...
            empenteia
empenteia!
os cabelos
que não podes
tirar
do Olimpo
dourado
roubado
do céu

Com puta á dor


O computá dor
Me co apita
              pita
No silêncio de
   não falar
Ele pede um título
Ele faz um...
...ele me faz
    um título
Título
     sim!
(titulo para mim)
Um céu cheio
de poesia
um mar
nefastamente
sem Horizontes
Onde estes
  coo pitam
a dor
eles a coo apitam
em mim
assim
  no rubor vermelho
de meu rosto

de minhas faces
na hora que
tenho que chegar
amanhã
tenho que chegar

tenho que estar
na sala de estar
do seu jantar
estar
transfigurar
o que nos pratos
e pathos não
pode-se aguardar

terça-feira, 23 de abril de 2013

Socorro

Espero no ponto
Espero o Socorro
Passa o Cotia
O Jd. Rosa Maria
A bunda no vão
            da cadeira
apoia e
        espera
     o socorro
                 do  dia
Deveria ter uma lei
Que proibi
O socorro
   Esperar
E fizesse
   como o Rio
   Pequeno
 ou consolação
o Socorro
      passar

Caixa postal


Mensagem em branco

A madrugada dos cabelos soltos
Não lerá seu significado
Não era solto era torto
Não era junto era preso
Não era cólica era indigestão
Não era teu amor
E meu perdão
Não era uma frase francamente tosquiada
Uma oração
Um disse que não
E um espera de quem
Desesperado já não tem
E por isso espera
Dissi dera
A mentira da poética de dentro das palavras
Como as iluminações dos reflexos opacos
Dos quartos de escritório

O meu é a soma
Do só + um
mais e um
mas... e, um?
E se salva
Do Indizível
no som lilás
que (in)tala
projetados em argumentos esgotados do cinza
Ordem e sons
De ordem e sons

Não, não
É isso!
E não são máquinas de escrever
Não sei o que são
Dedos rápidos na máquina registadora
Por que falo contigo?
Por que me imprimo a cantar
Por que passo ridículo?
Passo à ridículo
Por que deixo a sala a estar?

Queria...
...te dizer
Falo com a sua caixa
De mensagens

A mensagem está sujeita a cobrança
Após
O
Sinal
Você está?
na caixa postal de... 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Expediente


eu... sinto... às vezes que nasci para ser platéia de coisas... pariu[di[cidade.]
tu. 

eus
imagens, são expectadoras de um amor próprio 
dissidente


Descendente. amor de doce expectorante.




domingo, 21 de abril de 2013

Rouba almas

Tiraram toda
    a água da
         menina

menina na
escada
   falava e falava
trocava palavras
parecia algo
que não se sabia
caça poesias
feita de má
       impressões
é ético
  o efeito estético
duas vezes paralisada
pelas luzes
Onde sua foto estará
será que vão usar?

Agora ela volta para
casa
sem saber
leva mala
Entalhada
Empalhada
Por vozes
Que ela nem
sabe quem é
e soubesse o que
saberia?
O formato roubado
De uma empolgação
Oh! Seus olhos brilham
De maluquice
E desleixo
Tem horas
      que não era
para falar.
   Porque insiste
nas horas
em que não
eram para se
    falar.
faz rede
distende

A foto
Bendita foto
O que será
Que vai levar?

Menina de vento


Segredos poesias
decrepitas palavras
de horas não passadas
Pasmadas
O agoureiro da dor
Quente, queima
Como o calor
E fenecem...
Fenecem entre espadas
Lâminas de tédio
Estraçalhando o ar com seu descredito
Desmedido, deletério
Mas, onde está
O corpo
De Antígona enterrada?
É ela!
e cala
Porque lhe roubaram o
rosto
Esconderam-lhe na mala
A Onde estão
suas mãos?
Senhora da autarquia desvalida
Foi-se indefinida menina
Tu que de forças
Luta contra a maré
Que quer seu
Afogo
E no des algo
Grita!
Respira o não entender
Reflexo que
escapa
Exígua miragem
que faz a triagem
entre o ser
e ter
Suas pernas irão dizer
Menina poética das ondas
Onde a frase não pode
Configurar
E segurar os seus momentos
De alforria e perdão
Má criação
Mal criação
da deflorada
irrisão de ti!

A morte e a donzela


O sangue que derrama desembota, A NECESSIDADE DE UM FINAL DE FRASE. SEM CRASE NÃO HA LIGAÇÃO. injunção, buscam o perdão, o perdem, o pedem. O meu deus, de quem? você! Sem você, sem te ter.... A morte e a donzela. Correntes tomam o lugar de seus cabelos, suas tranças são fechadas a chave, e, ao se inclinar pela vista na janela pobre a donzela desvaí. Têm caveiras em rosto, e toda de mortes é seu gosto, costas recurvam seu encosto.  Azedo é seu gosto, de um limão intragável, salgado e resplandecente. Oh, frágil e delicado corpo, todo envolto em alucinações, inações. Apodreceu entendem, pobre a moça desfigurada na torre, não é mais tão bela, talvez nunca tenha o sido. Suas mãos cadavéricas estão prensadas entre a saída e a entrada antes de pular. Dar o cabo lá em cima, nas risadas dos humanos a baixo. Timbres de vozes na tarde de inverso, inverso que é verão.  In verso que é ver e não. Pobre moça de rostos encovados, olhos grandes e negros, para além de suas órbitas ela fica presa, para além de sua torre ela é livre.

canalha encalha



O canalha
Encalha
Na beira
do Abismo
O canalha
Em calha
No telhado
do perigo
Em cima
Do muro
Há mundos
mudos
e Aforismos

O canalha
Na cara
Contiguo
Anda
e não
digo
Tira o menino
Do jogo
Ambíguo

O canalha
Des água
No balde
De coração

O canalha
Falha!
O pobre
Não tem mãos 

Cum primentos!


Obrigação

Obrigando
   
brigando

Ô! brigando!
            
           ando
      brigando
a ndo
b
r
i
g
a
d
o

Obrigado
gado
ando
         obrigado

Obrigando

Obrig

ação

ObrigA...
            
            ação!

não
   
    Obrigadão!

Ingratidão?
dão?

Obrigadão

sábado, 20 de abril de 2013

Afasia


Estrelas que perguntam para o céu
para quem elas estão reservadas?
Pergunte as estrelas
...estrelas do merecimento
Do explodido falecimento
cílios subterrâneos impressos
da dor e do esquecimento

Estrelas que perguntam
Para quem é escolha
dividam minha gula!
A minha gula?
Gula prenhe de fome e fígado

Será delas o branco que preenche o escuro porque oculta
Sempre que se olha para o céu
Que aperta espreme
Distende

Estrelas que perguntam
Para quem é reservado
Há só um Deus que qualha
desmaia e se põe de novo
Da ebriedade cardíaca
Na sobriedade despencada do céu 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Max Ernst. Duex enfants sont menánces par un rossignol.

Outra Poesia


Outra poesia

Maldição cria
Expensas na
Alma
Como sensações
Não ditas no topo
Da cabeça
Se recorta
E produz
Não pares...

Há, mas há
Uma panaceia
De sal grosso
No chão
De provisoriedades

As mãos que transfiguram o sujeito que olha as coisas que caem

Oh, não é possível
Desprender
Sentido
Senhores!
Vocês não
desprendem
o sentido
de nada
Vocês são todos
De condecorações
E prisões
As pálpebras
Pesadas
para além do corpos
o corpo
torto
O efeito periférico
O efeito periférico....
Do sono

A exclusão
do sujeito!
Começa
Com granadas
Um pouco
Acima
Da testa
Onde não
Se esconde
Pois, não
É de
Ninguém

Poeta ridículo
Vai encardido
De carnes
E vestes
Abjetos
 sons
Coloridos
Emlata

As duas
portas
do sonho
A porta de
Chifre
E de marfim

Um risco
No rosto
É um
tema
intervalar
na pele
descreve
teatros do não ser
experiências da verdade 

O erro do ponto


A pele descola da face
Trincando solenemente
Em seus cabides
Eles te servem para apoiar a roupa, do corpo. Os corpos estão vazios dentro delas, e o tempo me espera, entoa o preenchimento de um espaço inocupável, inexistente, insistente. Os pedaços caem ao chão, mas esse chão, porém, és teu teto. O teto e as mãos. Oh! Menina por que anda tão sozinha? Porque não cansa de parar, e não cansa de cansar? O sábado a corroer, e escorrer, o dia me atravanca no interior de calendário que eu não sei demarcar. Não sei, ou não o quero, tanto o faz, sei lá! Não, não tanto faz... Mas espero. Os sons lá fora sempre a ressoar a maldição do controle de uma mulher. Por que fazem pontos nas palavras? Sem as mesmas palmas desmedidas, semblantes da boa educação, o que não se consegue arrancar, quem consegue? A vergonha de se ser sozinho.

O que são essas palavras. Parem de me arrancar à língua, decifrem o palato! Olá, olá, sempre os olás! Rolas, de uma apresentação pornográfica. Não, não quero existir, não, não tenho sexo. Me amputaram-o desde criança, e creio que não era por conta da vagina.

O buraco, e agora o que fazer com esse ser castrado? Sem rosto, festelação, tilintando nãos ao sino da igreja. Uma grande ópera, onde ninguém sorri, ninguém sequer assiste, não há clímax, não é possível encontrar o final. O que eles dizem? Quem põe o cetro ao profanar as mãos?
Profanar, etimologia de tornar humano, como tornar humano? Como não repetir nas coisas suas próprias heresias, heresias delas próprias e de você, estas mesmas que rasgam seu corpo.

Menina! Não tem mais mãos! Amputaram-lhe as pernas nas vozes fininhas do irritante cotidiano que tenta manter-se em vozes fracas, respigado de orações. E o suor escorre do seu corpo, é tão quente que você não pode notar-se, desfazer, desperceber. Há, sim, já esperava a palavra escolhida, sim, porque é cindida, fechada em duas partes do que espera, é um descambo previsto.

Oh, sim, agora um homem dá um gritos em cifras ilegíveis, na compulsão das palavras ele faz música. Imagino um coro, todos eles tem picos de afinação na voz. Ah sim, eles buscam a beleza, se fazem instrumentos do sublime, ele tem um alvo ao que tocar. Perceba como se emocionam, e ao se emocionarem me emocionam. Sim, meu caro, sempre fui fraca de coração, sim muito fraca de coração. 

Laranja rasga céu


A lua do altar dissolvida no matriz repartidário do céu
Refletia-se no homem de branco apoiado no chão do teu aviso
As ondas vinham cada vez mais fortes
Embarcações, precauções
Aquele grande tubo de madeira poderia virar-se
Via os fragmentos de sua repartição
A distância que me separava do moço
Como era encantadoramente mórbida a resplandecência da lua
E tão cheia de vida

O moço não me vê
Parece opaco
Faz parte do chão?
Oh, não, terno é seu branco
Seu termo é santo
Santo e cheio de rosa mosqueta
É meu filho, parte de mim?
Parte desconhecida é indecifrável de mim
Que se afastas em códigos secretos
Em ânsias da carne

Mas sim, ele estava ali
Tão calmo
Na parte insuturável do navio
Não ousei questioná-lo
O moço não me ouvia
Queria minhas mãos?
Eu estava ali
Ele estava ali
Ele estava aqui?
Superou-se a diferença no longe
Não há mais distâncias intransponíveis
Em sua representação
Tudo por conta...
daquele terno branco
Levemente bem ajustado ao corpo
De corte fino e regular
O corte não desprendera de sua personalidade
Algo ele tinha a me contar
Não, não era alguma coisa a me dizer
Ele falava sobre o dia
Das minhas não madrugadas matinais
De quem tem sono
De quem não o tem
Do som rítmico lá fora
Parece um zumbido
E cessa
A abelha que entra no quarto
Não,
é uma abelha elétrica
Sons do maquinário
lá fora
Eles todos vem do jardim
Se estacam nas flores
Comungam em suas dores
Mexericas
Oh! Dissolve e junta menina!
Eles todos vem da floresta de Pã!
Eles todos vem do jardim!



Sermão de domingo




O que são esses sapatos
esses pés
do tudo demarcado
corpos
esquematizados
presos em seus pontos no lápis
pontos no caderno

o tédio do não
sair da repetição
da voz da máquina
humanos
fazem a engrenagem
e não deixam de prendê-la

tua engrenagem tem dentes e devora
devora sem comer
e cospe

Devora sem comer
E cospe

O que são essas ressoações enjauladas
Crá, crá, crá
Ela fala
De sua própria prisão
a pender
nos pendendo

Cúmplice da dor
Que ela envenena
Ao colocar-nos
Todos em feitiço
Rituais
De alforrias
Ilusórias.
Conclusão mais sóbria
Como tantas de
Ébrias ilusões

os pulsos sangram
dentro dos dedos
que a moça engole
figuras mal condensadas
de um sonho
levam-nos em suas
fantasias normativas
do comum
que se negocia
com a beleza dos contratos

presos no romance
familiar
oh! Corpos todos misturados
a lei precisa de suas exporias
declamações
exprimir os limões da alma
em suas literaturas compulsórias

unhas a riscar rostos humanos
pois o epilogo acaba ai
em ti
meu caro

protagonista do Outro  
no entorno onde eles definem
tua face
em um enlace imperceptível
do não ver
a perversão
desta velha peça

com posição
que em ti prega
nostalgias
daquela sua velha
A avó!
Drinks e vodca
na estante inquebrantável

sim, são os morosos movimentos
quebram-se os dedos
mensuras em você
de você





Lampejo dos ratos

Estrangeiro.

Eu sou um bobo da corte, de alguma sorte desconhecida, de corte desvanecida. Sem os guizos, meus pés sujar-se-ão na fuligem, no pó. A noite, e, talvez em vão, retiro-me com meus ratos a treinar papéis; todos adestrados nas escalas de uma desconhecida sinfonia... 
Restos de peças, escritas, e ícones, rejeitados pelos grandes patriarcas; são como as águas de um rio que passa e, indiferente, ignora as nossas palavras... 

O esgoto, a miragem. 

Acampamos, então, na cidade. Onde se percebem semblantes vários, aos nossos anexados. Fingimos, fugimos. A leptospirose dos bueiros, junto com a água da chuva transborda. 
De tocos íngremes, escutas e ícones. Onde ei de ficar? Os ratos ainda vão contíguos, esperando um número para adentrar a corte. No jogo de xadrez, talvez uma boa piada, um mitema vinculado a relações extremamente complexas e obscurecidas.  Na corte pode se tentar uma tirada espirituosa, algo que faça a síntese de todos os seres dos sentidos derramados junto a recortes no chão.

Chove. Pessoas protegem-se de um ácido que vem lá de cima, usam guarda-chuvas, correm, franzem os semblantes. São guarda-chuvas coloridos que elas carregam, sonhos impressos alheios no topo, nas cabeças. 

Depois que a chuva cai, corroendo os ídolos da cidade, eles lá estão, perduram, contudo, ninguém os vê. Estatuetas mui mudas falam doloridas. Protejam-se! Eu e meus ratos, caminhamos. Somos gritados, mas não há quem diga quem nos grita. Grunhidos em suspeita brancura.

Delicados demais para serem ratos, brancos de mais para o esgoto, e mesmo assim o compõe, e dessa forma, os acompanho.

Passo as mãos em meu rosto, tenho finos bigodes. Um só momento. Poderia lançar mão de gritos já ouvidos entre caixas de som. Contudo, não o faço. Limpo o papel do bufão. Bobo com ratos sem ratoeiras, ainda não bufão. 

Um respingo lampeja no rosto de meus pressupostos companheiros. Vejo peles brancas, pelos macios e pueris, a despeito da sujeira, a despeito de seus nomes: ratos!

Em um canto semi-obscuro juntamo-nos. Como um palhaço com guizos entre as mãos, respondo a Zéfiro se sim ou se não ao atravessar vitrais. Nenhuma reposta é direta. Isso ocorre por meio de sussurros abruptos e mudos. Agora encontro cores confusas, há um vitral na minha frente, uma egrégora, representações...
Não almejo a corte, apesar da suposta força de pressão de meus companheiros. Agora com seus pelos lilases, e olhos um tanto mais avermelhados. Alguns dos meus ratos, se tornaram ratazanas, e mordem-me o calcanhar. Houve um eclipse na noite em que chegamos. No sol, ainda há. Como no timbre da música que é solitário.

Clareira. 

Há roteiros na cidade, eles são impostos por um lógica sem fim, emudecida. Um mapa diferencia as entradas, elas se dão em saídas do mesmo lugar. Estatuetas. Todos espaços extinguem-se. Uma diretoria se desfaz em todas as ideias para onde ir. Os bichos seguem um mestre invisível, não eu, na manhã noturna e impalpável.
Adentro a corte, cartas são marcadas segurando cetros, ratos esperam que se possa comer do lixo todo enfeitado de pessoas. São embalagens em diversas línguas de que se faz, o que tem que fazer...

Há um esquema, projeto metade sabido, metade ignorado por desuso. Quando chove na cidade é sempre o caos. O texto promulga informações. Ninguém lê. 

O tempo dos homens enfadados procurando um objetivo sem sim. Um jovem sujeito vive numa caixa, proclama-se assujeitado, ninguém-um, não ouve, retem suas palavras. Narram seu cotidiano o responsabilizado de uma dor inacabavelmente alheia, incomensuravelmente estranhada. Começa e não tem fim. As palavras se tornam densas, ninguém lerá, o discurso pesado.

Um balde de tinta

cai.

no meio da cidade.

atinge alguns, outros ficam a deriva, pintando-se das cores já existentes, oferecem pincéis.




Algébrica Da De marcação


O senhor vazio sem nada
É meu confidente
Pois ele grita
Comigo
Inconsistentemente
Em sons
Quase incipientes
Sabendo, ás vezes,
que não
tenho braços
e mãos, e que
me amputaram
o coração

Já pedi a ele
Uma flor de laranjeira
Para contemplar
o meu consolo
que vem de longe
e não é sono
Para entoar minha canção

Estreiteza!
Escreve, escreva
Ele diz
Para fingir que
você não está
ai nem aqui,
Nesse sono
sem dormir
Nesse viver
sem existir

O que você quer
É sua questão?
Oh! Senhor
Quero contemplar
Sorrisos falsos
E mares da depressão
Quero sustentar os meus tentáculos
Quero poder dizer que não

A senhora da fluída
escuridão
Veio perguntar
do meu abandono
Assim: qual é
a grande questão?
Quero ter braços
e pernas
quero querer
poder
e
não.

Oh! Porque diste
Isso? disse ela
Quero dormir com escaravelhos
escapar da podridão

Oh! Terceira e boa alma
És cachorro ou gavião?
Disse a senhora desespero
na entrada do portão.
Esta figura não existe
A terceira que resiste
Disse o meu coração

Oh! A quarta irá passar
E quem sabe irá levar
Toda a empertigação
Toda essa falta de páginas
Desse ser dizer em vão