sexta-feira, 19 de abril de 2013

O erro do ponto


A pele descola da face
Trincando solenemente
Em seus cabides
Eles te servem para apoiar a roupa, do corpo. Os corpos estão vazios dentro delas, e o tempo me espera, entoa o preenchimento de um espaço inocupável, inexistente, insistente. Os pedaços caem ao chão, mas esse chão, porém, és teu teto. O teto e as mãos. Oh! Menina por que anda tão sozinha? Porque não cansa de parar, e não cansa de cansar? O sábado a corroer, e escorrer, o dia me atravanca no interior de calendário que eu não sei demarcar. Não sei, ou não o quero, tanto o faz, sei lá! Não, não tanto faz... Mas espero. Os sons lá fora sempre a ressoar a maldição do controle de uma mulher. Por que fazem pontos nas palavras? Sem as mesmas palmas desmedidas, semblantes da boa educação, o que não se consegue arrancar, quem consegue? A vergonha de se ser sozinho.

O que são essas palavras. Parem de me arrancar à língua, decifrem o palato! Olá, olá, sempre os olás! Rolas, de uma apresentação pornográfica. Não, não quero existir, não, não tenho sexo. Me amputaram-o desde criança, e creio que não era por conta da vagina.

O buraco, e agora o que fazer com esse ser castrado? Sem rosto, festelação, tilintando nãos ao sino da igreja. Uma grande ópera, onde ninguém sorri, ninguém sequer assiste, não há clímax, não é possível encontrar o final. O que eles dizem? Quem põe o cetro ao profanar as mãos?
Profanar, etimologia de tornar humano, como tornar humano? Como não repetir nas coisas suas próprias heresias, heresias delas próprias e de você, estas mesmas que rasgam seu corpo.

Menina! Não tem mais mãos! Amputaram-lhe as pernas nas vozes fininhas do irritante cotidiano que tenta manter-se em vozes fracas, respigado de orações. E o suor escorre do seu corpo, é tão quente que você não pode notar-se, desfazer, desperceber. Há, sim, já esperava a palavra escolhida, sim, porque é cindida, fechada em duas partes do que espera, é um descambo previsto.

Oh, sim, agora um homem dá um gritos em cifras ilegíveis, na compulsão das palavras ele faz música. Imagino um coro, todos eles tem picos de afinação na voz. Ah sim, eles buscam a beleza, se fazem instrumentos do sublime, ele tem um alvo ao que tocar. Perceba como se emocionam, e ao se emocionarem me emocionam. Sim, meu caro, sempre fui fraca de coração, sim muito fraca de coração. 

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