quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Grito.

Do lado de dentro da laringe
Perpassa angústia
Como faca fina
Marca pontiaguda.

Sim, do que transpira além de si
Uma letra resumida
Avaliada como código
Gotejada como paixão
Olhada como ódio
Coroada com sofreguidão.

Os seus gestos
Suas palavras
Me-libertam-me-de-mim
Please!
Frio na carne sem vida.

O branco que traz marcas
Uma carniça carcomida
Desfaz-se, lembra
Suas veias
Do que faz te pulsar
Minha voz morta inerte
Maldita.




domingo, 22 de novembro de 2015

2 º abandono.

Na parede 
        branca
    com a
        cortina creme tremulante
as horas que transcorrem 
                  lentas

nas pálpebras 
escuras 
do dia
quente 
sem sol

As nuvens do alto de sua destreza
cedem reflexos claros
ao meu amargor iluminado.

A poesia caída
Digerida no inlegível

Uma face que vê
reflete e chora
como as gotas da chuva
coladas em janelas de vidro. 

O Sol, depois da lua,
despista meu domingo.

Tão tardio
como o tempo gotejando
nas raízes vazias
a versar
em lábios distantes, 
contíguos suspiros. 

sábado, 14 de novembro de 2015

La pomba pisada.

Indizível contradição
que toma-me o estômago. 

Resto cinza, rato morto.

Pássaro esmagado, grifo, asfalto. 
Penas brancas de poeira e sangue.
Pôde ele como eu, 
deixou-se levar por rodas alheias.

Cadáver perdido entre a laringe,
atravancado na garganta.

[Entre CARNES e o dorso 
O final frontal das entranhas
Do que deveria 
descer OU 
o que SUPORIA FICAR].

Há morte dentro de mim. 

Digerível tempo morto
De um corpo morno
Números vazios, semi-vivos.

Oh, português minha mãe
Falas como presa
Atrás das grades
aborto em mim
Um amor escuro 
de formas sem vida.

De tantas lágrimas secas, tua comida para
Palavras.

Oh pele, carcaça e pátria!
Minha mãe escorraçada
Andando pelos seus países.
Minha grande indigestão.
Pátria amada e desalmada
Não reconhece no meu rosto
a filha que te olhas.


Faz-me de outra.
Faz-me de outra em mim. 




sábado, 12 de setembro de 2015

Canto

Reflexos da luminosidade.  

Faz-se espelho
 de luz ao nada.

Branco.

Ofuscado a  mim mesmo.

- a carne que não toca - 

Fria!

Diminuir as vozes. 

Faze-se a oração.

Seca!

O maldito faz-se sagrado.

As unhas do totem.

Contam a um rosto.

Feito de massa, areia, carbono.
Um rosto.
Do totem a mim.
Estranhos de
Antropofagias infinitas
Repelem números
Fórmulas e nomes.

O significado das coisas não ditas passam pela pele

Pela mudez incontestável das palavras
Se escuta e não se escuta
Se vê e se derrama
O romantismo das manhãs sem sol
Se engole e não se sabe
Sólido
Astigmatismo incerto da alma

Torna-se massa.
Cospe-se duro. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Monólogo em par.


Alguém.
Nunca fui boa em achar os lugares sozinha.  Somente percorria umas ruas, em vielas...
O ar pesado.
- Copiar:
De novo, nada.
A essência da tristeza é alguma inflamação no estomago. 

Cilíndrico = Todos ficaram tristes quando o Eduardo chora, pobre Eduardo, pobre de mim.

Você sabe muito bem que a vertigem me impedia de fazer escaladas.

Não é meu, sempre, são frases roubadas de outros, palavras. Intimidades alheias. Nunca digitadas no papel. 

Acho que a cor do chão me influencia; e o tempo que não passa implode minha angústia.

Todas as escolhas que rejeitei em letras ilegíveis.
Não consigo mais ligar.

Esqueci  como se escreve a maioria das palavras. Ortografias. Sempre me achei meio burra, e matemática nunca fez muito sentido para mim = Dois vezes nada, um vez um. 

Meu reflexo no espelho é um gosto de tétano na boca. Algo foi furado.

Os gritos lá de fora, e as pessoas estranhas que eu não sei de onde vem. DESMARCO.
Que rosto é esse.
Não.  Negado ele me olha, ele se vai, ele não sei.

Todos os meus olhos crispados, mais de um.
Marco às seis da tarde, não vou. 

Os passos lá fora, as crianças, a comida, o tétano, o irmão.
Era um desenho no caderno, nada significava. As palavras estancavam, não há força na lei.

Vinagre, ovo, mãe, casa, criança.

É de fora a poeira, polichinelo de sonhos, ilusões, capa amarela.
Letra, signo, extravio.

Eu não sei mais pensar, nunca soube sentir.
De onde cavei minha alma, é tarde.




terça-feira, 23 de junho de 2015

Lagostas.

Na praia, 
Tão cheia de caranguejos, laranja.
Faz-se de preto e brancos,
Na tinta que ouso empregar. 
Amplificada,
Entre as escuras cores das ondas.

Veja o mar.
Tome a lua, a areia.
Olho, não ouso.

O sol reflete entre cascos,
A praia estará impedida.

- Meu bem, daqui, noto às lagostas. 
Daqui, percebo um mar. 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Two?

Type 2 – Play 1.
Heim pobre Cida.?
Será?

A
M
A
N
H
ã
 um dia pode fazer,  quer?

Esperar.
D
E
S
   N
   E
   G
   R
   O
Quadrado ao chão,
O Som
Na esquina,
nO meio fio.

Sente-se.
Queima,
aflição,  assim...
Transpira.
  
Só?

Wait!?

In caminhos
Conhecidos, vá
Imagens por de trás da porta de outro céu.
 Inspira,

Seca;

tanto quanto o asfalto,
muda quanto à palavra e falhas.

O dia torna a dormir sem ser despedir
Embora, de novo. 

One.

Passo.

Passos.

Ouviam-se.

“Você vai?”

No chão

Fosco.
C
O
S
P
E
?

E
no
Nada.
Impele.
P
R
E
S
O
P
E
N
S
O
R
E
P
E
N
S
O


A sombra,


W
A
R
W
A
R
M
E
S
A
D
L
Y

O calor. 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Capítulo sujo

Abre-se o corpo em dois, lateja-se uma agonia desmedida. O que importa minhas mãos, numa vertigem onde só se pega traças. Os movimentos quebram-se onde devem apoiar; um tanto moribundo o sofrimento necrosado. Dói? Figura sobre-humana. Alguns pedaços, dois pedaços. O ritual onde arranca-se a pele pode possuir um tanto de humor. Pensando. Amassando como farinha e ovos minha carne. Temperadas são sempre as mesmas palavras.  A sensação, morte que se repete nas batidas do relógio, ponteiros no corpo, batida no relógio. No forno está bem. Um roteiro. Doem-se pequenas partes diferentes que convergem e desabrocham. Inscrevo a minha dor. Transpassada não a enxergo. Ela rosto, ela voz. Castanhas? Azul, entre os dois... Cachos dissolvidos...  Não passa, não há palavras para o seu clamor. Madrugada tirana das sensações que não são devolvidas. Arrendo meu coração no comércio. Vendi barato pensando no amor, na maçã, no trago, dois por um real, fumaça. A barganha, comprei de novo e não sabia. Transpirando deveres indevidos de uma noite quente. Só vi o que aparece, se vai pelo que parece e esvaí. Há algo preso no interior de meu corpo. Um cadáver, deixar cair? Quase caí. Como a um velho sem forças em que o corpo tem suas próprias necessidades desmedidas. Morro.  A morte quando acordo, se prolonga, alguns pedaços como a peste apodrecendo. Marca um rosto, sem marca. Acostume-se com uma identidade babá. Criada, tira o prato, troca a fralda. Frente algumas desilusões tão velhas quanto tudo quando escurece e sempre muda. A morte é só, e minha, não será assim como o que é teu. Afogo-me em placenta, ela renasce, invocações.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Engasgue

Tempo
Toca 

Toca Tempo Desengonçados
sons
externos

milho

Catando 
              horas 
                       no relógio
Ao sinal

timbre-inacabado

reticente 

onisciente

suficinte

incosciente

ajoelhado

Lembre-se da chuva
gostas?

gotas últimas

caem no seu solo

azedado

Permanecem.

Rápido,
é verão.

Distendendo eternidades
repetidas nas flores
almas gastas.

A cor 
          com 
                 o tempo
está ficando velha

imagens ristes
duelam

rostos 
 reflexos
O orvalho.

Marca cinza no céu,
na prata.
São azulejos
seus belos borrões

trovejam

A chuva, surda, 
desdenha o sinal,

Goteira no assoalho
Pó, 
limpeza da mesa

Prantos-de-prato-plástico 
                                     com-licença-garfo
balde de chuva gasto
a goteira que acabou. 




quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O gato

Falo do gato
O gato que vi na janela
Triste gato sentinela
O gato se fazia dela
Gato da janela
Triste o gato dela
E tal qual 
o gato 
sentia-me 
nela. 

Triste, 

Um gato 
na janela.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Tereza

Sempre me 
          
             recordarei
                             de você Tereza.

Das suas longas 


pernas azuis


e de seus olhares 


castanhos.


Quando me obrigou

a engolir
o drinque de 
                  morte
do seu desprezo tinto.


A amarga
sensação
a contradizer 
Doce 
os meus sonhos vãos.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Reflexões sobre a guerra

Há um buraco sobre a terra
Cava-se,
               cava-se,
 e não se vê nada...
Bombas, mancham o passado com sua irrupção.
Como pode o colorido ser de sangue?
Como podem os olhos marejados
Cederem à falta de água.

Há uma sensação no corpo.
O confessionário.
Da raiz sem lugar.
Uns poucos sussurros.
Sons,
de escombros
 imantados.
Ao pedir para ouvir
Em surdez auditiva
Se faz o barulho do vácuo no silêncio.
No seu olhar brilhante
Que não era seu
Era meu
Era seu
Totalmente anônimo
Campos desgastados por bombas de gás
Palavras ensurdantes

Havia certeza da derrapagem
O corte pré-cedente das flores
Os templos no abismo
Quando te vi
Uma sobrevivente
Corria no vazio.

Procurando não estar
Permanecientre aos escombros.

Inconsciente do estranho acompanhava
Só uma travessia
Uma estranha travessia esquecida
Terra estuprada
Permeada por ser mulher
Sem gritar por ser muda