sábado, 14 de novembro de 2015

La pomba pisada.

Indizível contradição
que toma-me o estômago. 

Resto cinza, rato morto.

Pássaro esmagado, grifo, asfalto. 
Penas brancas de poeira e sangue.
Pôde ele como eu, 
deixou-se levar por rodas alheias.

Cadáver perdido entre a laringe,
atravancado na garganta.

[Entre CARNES e o dorso 
O final frontal das entranhas
Do que deveria 
descer OU 
o que SUPORIA FICAR].

Há morte dentro de mim. 

Digerível tempo morto
De um corpo morno
Números vazios, semi-vivos.

Oh, português minha mãe
Falas como presa
Atrás das grades
aborto em mim
Um amor escuro 
de formas sem vida.

De tantas lágrimas secas, tua comida para
Palavras.

Oh pele, carcaça e pátria!
Minha mãe escorraçada
Andando pelos seus países.
Minha grande indigestão.
Pátria amada e desalmada
Não reconhece no meu rosto
a filha que te olhas.


Faz-me de outra.
Faz-me de outra em mim. 




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