Indizível contradição
que toma-me o estômago.
Resto cinza, rato morto.
Pássaro esmagado, grifo, asfalto.
Penas brancas de poeira e sangue.
Pôde ele como eu,
deixou-se levar por rodas alheias.
Cadáver perdido entre a laringe,
atravancado na garganta.
[Entre CARNES e o dorso
O final frontal das entranhas
Do que deveria
descer OU
o que SUPORIA FICAR].
Há morte dentro de mim.
Digerível tempo morto
De um corpo morno
Números vazios, semi-vivos.
Oh, português minha mãe
Falas como presa
Atrás das grades
aborto em mim
Um amor escuro
de formas sem vida.
De tantas lágrimas secas, tua comida para
Palavras.
Oh pele, carcaça e pátria!
Minha mãe escorraçada
Andando pelos seus países.
Minha grande indigestão.
Pátria amada e desalmada
Não reconhece no meu rosto
a filha que te olhas.
Faz-me de outra.
Faz-me de outra em mim.
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