sábado, 24 de janeiro de 2015

Engasgue

Tempo
Toca 

Toca Tempo Desengonçados
sons
externos

milho

Catando 
              horas 
                       no relógio
Ao sinal

timbre-inacabado

reticente 

onisciente

suficinte

incosciente

ajoelhado

Lembre-se da chuva
gostas?

gotas últimas

caem no seu solo

azedado

Permanecem.

Rápido,
é verão.

Distendendo eternidades
repetidas nas flores
almas gastas.

A cor 
          com 
                 o tempo
está ficando velha

imagens ristes
duelam

rostos 
 reflexos
O orvalho.

Marca cinza no céu,
na prata.
São azulejos
seus belos borrões

trovejam

A chuva, surda, 
desdenha o sinal,

Goteira no assoalho
Pó, 
limpeza da mesa

Prantos-de-prato-plástico 
                                     com-licença-garfo
balde de chuva gasto
a goteira que acabou. 




quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O gato

Falo do gato
O gato que vi na janela
Triste gato sentinela
O gato se fazia dela
Gato da janela
Triste o gato dela
E tal qual 
o gato 
sentia-me 
nela. 

Triste, 

Um gato 
na janela.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Tereza

Sempre me 
          
             recordarei
                             de você Tereza.

Das suas longas 


pernas azuis


e de seus olhares 


castanhos.


Quando me obrigou

a engolir
o drinque de 
                  morte
do seu desprezo tinto.


A amarga
sensação
a contradizer 
Doce 
os meus sonhos vãos.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Reflexões sobre a guerra

Há um buraco sobre a terra
Cava-se,
               cava-se,
 e não se vê nada...
Bombas, mancham o passado com sua irrupção.
Como pode o colorido ser de sangue?
Como podem os olhos marejados
Cederem à falta de água.

Há uma sensação no corpo.
O confessionário.
Da raiz sem lugar.
Uns poucos sussurros.
Sons,
de escombros
 imantados.
Ao pedir para ouvir
Em surdez auditiva
Se faz o barulho do vácuo no silêncio.
No seu olhar brilhante
Que não era seu
Era meu
Era seu
Totalmente anônimo
Campos desgastados por bombas de gás
Palavras ensurdantes

Havia certeza da derrapagem
O corte pré-cedente das flores
Os templos no abismo
Quando te vi
Uma sobrevivente
Corria no vazio.

Procurando não estar
Permanecientre aos escombros.

Inconsciente do estranho acompanhava
Só uma travessia
Uma estranha travessia esquecida
Terra estuprada
Permeada por ser mulher
Sem gritar por ser muda